Powered By Blogger

terça-feira, 26 de abril de 2011

A SAGA DE JEITOSINHA - CAPÍTULO VIII

CAPÍTULO VIII

Adenair, que era estagiário na Secretaria de Meio Ambiente do município, conseguiu, sem chamar a atenção, retirar uma moto-serra no almoxarifado da Prefeitura. Como o dia seguinte seria um domingo, ele teria tempo de limpar a ferramenta e devolvê-la a seu local de origem antes que dessem pela sua falta.
Ao cair da noite, ninguém na família poderia imaginar o drama que se desenrolaria nas próximas horas. Um por um, os irmãos mais velhos foram saindo, como quaisquer jovens numa noite de sábado. Adenair foi o último a deixar a casa. Controlando as emoções, despediu-se do pai sem despertar suspeitas.
Enfim sós, Jeitosinha e Ambrósio assistiam ao telejornal das oito. Ela usava um vestidinho curto. Balançava provocativamente as pernas, mostrando toda a extensão de suas coxas bem torneadas. A loira sabia que o pai moralista logo iria implicar com a roupa.
- Precisa usar um vestido tão curto? Vá já se vestir direito!, ordenou Ambrósio, apontando para o quarto de Jeitosinha.
Era a deixa que a moça esperava. Ela entrou no seu quarto e reapareceu poucos minutos depois, causando a última e pior visão que aquele homem rude jamais tivera. Sua filha, seu meigo tesouro, estava completamente nua, portando a serra elétrica. Mas o maior espanto de Ambrósio foi constatar a existência de uma outra ferramenta, pendurada entre as pernas da bela loira.
- N-não pode ser! Não pode ser! O que é isso? – balbuciou o homem, com uma expressão patética, indicando o bráulio de Jeitosinha.
- Isto sou eu, papai! Eu sou o monstro que você criou!
O som ensurdecedor da serra abafou os gritos desesperado do homem, que de tão surpreso sequer teve forças para lutar.
Minutos depois, tudo era silêncio e calma. Jeitosinha tomou um banho demorado, vestiu-se, escondeu a serra elétrica num terreno próximo, seguindo o plano previamente combinado com o irmão, e dirigiu-se tranquilamente à casa de uma amiga, deixando montado na sala de sua casa um cenário dantesco.
Estava encerrada a primeira etapa de sua vingança. Ou pelo menos Jeitosinha imaginava que sim…
Prepare-se! No próximo capítulo Jeitosinha terá uma grande surpresa!
Passava da meia-noite quando Jeitosinha voltou para casa. Seu álibi foi perfeito: consumiu as últimas horas estudando Geografia com uma amiga, como costumava fazer.
Ela estava impressionada com a própria frieza: conseguiu concentrar-se nos livros e conversar amenidades, como se nada tivesse acontecido. Mas ainda sentia nas mãos o tremor da serra elétrica. Os gritos de Ambrósio continuavam ecoando em seus ouvidos. Eram sensações surpreendentemente gostosas. Arrependimento mesmo, só o de ter perdido o capítulo da novela das nove. “A mamãe eu matarei na hora do Jornal Nacional”, jurou para si mesma.
As luzes da sala estavam acesas. Viu pela janela os vultos de seus familiares. Entrou pela porta principal, preparando-se para fingir dor e desespero ao se deparar com os pedaços de carne e ossos de seu pai espalhados pela sala. Mas qual não foi o seu espanto ao perceber que não havia na casa um só vestígio de seu crime hediondo! Quatro de seus irmãos, inclusive Adenair, estavam assistindo TV, tranquilamente. Sua mãe havia se recolhido ao quarto.
- Onde está o papai? – perguntou.
- Foi pescar – respondeu Amarildo, o segundo filho de Ambrósio e Marilena.
- Pescar?
- Sim, deixou um bilhete com a mamãe, dizendo que resolveu na última hora e que volta amanhã à noite.
As belas pernas de Jeitosinha estremeceram e ela sentiu uma estranha vertigem. Realmente seu pai era dado a estes rompantes e o sumiço não chegava a espantar ninguém em sua casa. “Será que tudo não passou de uma alucinação?”, questionou-se. Mas não. Observando o revestimento plástico do sofá onde o crime havia acontecido, percebeu o cheiro de detergente e marcas de pano, que sugeriam uma limpeza recente. Jeitosinha puxou seu cúmplice, Adenair, até o quarto.
- O que está acontecendo?
- Eu é que te pergunto! – retrucou o irmão – Você não iria matar o papai?
- Matei! Eu matei! Alguém escondeu os restos, limpou a sala e ainda deixou um falso bilhete para a mamãe!
Adenair deu um gritinho ansioso e histérico. Jeitosinha esbofeteou-lhe a face e disse, resoluta:
- Calma. Você já esperou mais de 20 anos. Não acho que seja a melhor hora pra soltar a franga…
Aguardem próximo capítulo!

Nenhum comentário: